Publicado em 1 de agosto de 2022 em Linkedin - Assinado por Ricardo Mucci
Um artista para conquistar atenção do público tem que ser polivalente. Não basta ser competente na sua arte. É preciso ser artista também na relação com as plataformas digitais, onde sua persona é mais exposta, de forma que o público se sente privilegiado ao ter acesso a informações exclusivas do ídolo, de onde nasce uma espécie de cumplicidade, alimentada mais pela imaginação do fã do que pela intenção do artista.
O poder das redes sociais é tal que muitos artistas populares nas plataformas não são reconhecidos pela mídia tradicional, que ainda não dialoga eficientemente com o mundo digital. Alguns exemplos de cantores internacionais: Calvin Harris, The Weekend, Dave, 5 Seconds of Summer, Troy Shivan, Carly Rae Jepsen, KSI, Megan Thee Stallion. E no Brasil temos nomes como Iza, Brisa Star, Rachel Reis e a dupla Vittor e Gustavo, irmão da Marília Mendonça. Todos populares no digital, mas desconhecidos da grande mídia e de boa parte do público.
Mudanças que impactaram na relação do artista com os meios de comunicação: a TV já não é tão hegemônica, o rádio não produz mais os hits, o disco e o CD se tornaram peças de museu e o sucesso é medido por downloads e não mais por gente. Leia-se Spotify, Deezer e Itunes. Até mesmo os artistas foram obrigados a se reinventar.
O showbusiness não é mais aquele.
As mídias digitais não canibalizaram as mídias tradicionais, mas sugaram seu poder de influência. Hoje um artista tem que estar presente em diversas plataformas, em diferentes formatos e com mensagens específicas, se quiser ser notado pelo público. Em paralelo, a necessidade de conquistar visibilidade acaba por provocar uma concorrência predatória entre os artistas que disputam a atenção do público, a ponto de serem obrigados a se expor ostensivamente a fim de fidelizar sua audiência. Neste vale tudo pela fama, observamos que a linha que separa a liberdade de expressão da vulgaridade é muito tênue. As redes estão repletas de exemplos que confirmam esta tese, vide as irmãs Kardashians, de talento discutível, que investem na superexposição para fortalecer a marca pessoal. É nesse momento que entra em cena o tal do ego que, cá entre nós, está longe de ser nosso melhor amigo. Felizmente, nem todas praticam a mesma fórmula das irmãs Kardashians.
O renascimento de Beyoncé.
Vamos nos deter na Beyoncé, que depois de alguns anos de reclusão criativa, resolveu lançar um novo e ousado álbum batizado de Renaissance, onde reúne canções que traduzem o momento muito particular e reflexivo de sua carreira. Uma produção de encher os olhos pela qualidade, com músicas e letras fortes, que não deixam dúvidas quanto a mensagem. As fotos que ilustram o álbum também são deslumbrantes, onde a beleza de Beyoncé é elevada a enésima potência.
Não sou fã de carteirinha da Beyoncé, pois sua música foge das preferências da minha discoteca, mas sou obrigado a reconhecer que se trata de uma artista com A maiúsculo. Ela já celebrou seus 40 anos, tem propósito na vida, apoia causas sociais relevantes nos Estados Unidos e tem uma carreira consagrada dentro e fora das redes sociais. Portanto, conquistou o direito de ousar sem dar satisfação a ninguém. Em Renaissance ela demonstra maturidade profissional ímpar, onde ao mesmo tempo que expõe talento e beleza natural impressionantes, deixa um recado explícito às suas fãs: “Espero inspirá-las a liberar o movimento, para que se sintam únicas, fortes e sexy como de fato são”.
Como afirmei na chamada do artigo, sou um aprendiz do empoderamento feminino e aprendi muito com a Beyoncé.
Jornalista e palestrante. Arquiteto de inovações de impacto socioeconômico. Ajudo a repensar a longevidade e a maturidade moderna. Ricardomucci.com
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